A síndrome de burnout — ou síndrome de esgotamento profissional — é uma perturbação psicológica relacionada com o stress prolongado ou crónico que se caracteriza por um estado de tensão emocional decorrente de condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes, resultando na degradação progressiva e lenta da relação do indivíduo com o trabalho.
Infelizmente, o burnout, palavra que em inglês significa “queimar até ao fim”, é cada vez mais prevalecente na nossa sociedade actual, sendo um tema alvo de debate científico e político a nível internacional e amplamente investigado no âmbito da psicologia organizacional. 🔥
Não é surpreendente que professores, policias e profissionais de saúde se encontrem entre as profissões mais atingidas, não só pela sobrecarga horária, mas pelas condições de stress emocional que enfrentam regularmente. 👩🏫 👮 👩⚕️
É mais comum a perturbação manifestar-se em profissões que requeiram envolvimento interpessoal directo constante ou intensivo, como é o caso das áreas da educação, saúde, assistência social, recursos humanos, estabelecimentos prisionais, bombeiros, polícias…
Na sua génese, a síndrome está mais frequentemente ligada ao mundo do trabalho, mas também pode ser provocada por situações da vida pessoal, como a maternidade.
Afecta ainda as mulheres — mas cada vez mais também homens — com carreiras exigentes que são simultaneamente principais cuidadores dos filhos e/ou outros familiares dependentes. É importante procurar obter um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal para evitar o burnout. 💼 🏡
Uma pessoa que sofre de burnout encontra-se num estado de esgotamento físico e mental, sentindo-se desgastada e sobrecarregada, portanto, incapacitada para desempenhar as suas tarefas quotidianas (no trabalho, mas não só). Isto implica um mal-estar generalizado no local de trabalho, quebra de energia, perda de motivação e interesse, e até a redução da capacidade mental e cognitiva.
Burnout não é “fraqueza”, nem tão pouco “frescura” e muito menos “moda”
Sabia que a síndrome de burnout foi descrita pela primeira vez há quase 50 anos?
Foi em 1974 que o psicólogo alemão radicado nos EUA, H. J. Freudenberger designou e descreveu o esgotamento dos profissionais de saúde e cuidados domiciliários, tendo posteriormente alargado a síndrome a todas as actividades profissionais na sua obra de 1980, Burn Out: The High Cost of High Achievement.
Actualmente, a perturbação está registada na 11.ª revisão da CID (Classificação Internacional de Doenças) como um dos factores psicossociais causadores de doença em relação com o emprego e o desemprego.
A Organização Mundial de Saúde define o burnout como “uma sensação de fadiga intensa, perda de controlo e incapacidade de alcançar resultados concretos no trabalho”.
Causas e repercussões
Temos focado principalmente a sobrecarga de trabalho, contudo, o burnout é multifactorial e a tensão profissional pode decorrer de:
- tensões entre colegas ou com superiores
- disparidades de tratamento/salários
- elevada competitividade
- objectivos irrealistas/pouco concretos
- sobrecarga de tarefas
- actividade muito intensa
- trabalho sujeito a riscos físicos
- alterações no horário de trabalho
- mau ambiente geral na empresa
- insegurança e instabilidade do emprego
- situações de assédio e bullying
- problemas pessoais que interferem no trabalho
A sensação de esgotamento físico e emocional gera uma panóplia de atitudes e comportamentos negativos, entre os quais se destacam:
- agressividade e irritabilidade
- isolamento social
- pessimismo
- alterações do humor
- dificuldade de concentração
- lapsos de memória
- ansiedade e depressão
- baixa auto-estima
- desmotivação, apatia
- sentimento de inutilidade ou fracasso
- perda de produtividade
- fraco desempenho
- absentismo
O burnout é uma perturbação psicológica com forte impacto sobre a saúde do corpo e existem vários sintomas físicos que são manifestações concretas desta síndrome:
- insónias/alterações do sono
- dor de cabeça/enxaqueca
- dores lombares/musculares
- palpitações
- hipertensão arterial
- sudorese
- crises de asma
- distúrbios gastrointestinais
- falta ou excesso de apetite
- fadiga constante
- sistema imunitário comprometido
Diagnóstico precoce
Os sintomas, heterogéneos e com graus de importância variados, costumam ser insidiosos e progressivos, tornando difícil o diagnóstico atempado. Esta deterioração da relação do indivíduo com o seu trabalho pode ser extremamente lenta — estamos a falar em semanas, meses ou até anos. A recuperação pode, igualmente, demorar semanas, meses ou anos.
Além disso, é muito fácil confundir o burnout, principalmente num estádio inicial, com outras perturbações e doenças psicológicas.
Contudo, não queremos aqui explorar o diagnóstico clínico propriamente dito, porque não nos compete.
Queremos sim reforçar a importância de detectar precocemente os potenciais sintomas, já que essa é a chave para evitar a doença crónica e é algo que podemos fazer a nível pessoal e empresarial.
A armadilha dos círculos viciosos
• raciocínio que pretende demonstrar a verdade de uma proposição que só pode ser demonstrada através de outra, que por sua vez é demonstrada através da primeira [Lógica].
• conjunto de problemas, ideias ou factos, geralmente negativos, que se encadeiam num processo sem resolução e regressam ao problema, ideia ou facto inicial.
A síndrome de burnout é consequência directa da tensão emocional da vida profissional, mas dá origem a uma dificuldade em manter as relações interpessoais com os outros, abalando profundamente as pessoas afectadas na esfera profissional e também na vida pessoal.
O burnout apresenta várias armadilhas sob a forma de círculos viciosos que podem ser verdadeiramente difíceis de vencer.
Falta de entusiasmo
O stress e a frustração geram negatividade e cinismo em relação ao trabalho. Eis o primeiro círculo vicioso: não se sente motivado e não se consegue distanciar dos problemas, por isso, logo ao acordar de manhã já não tem vontade de ir para o trabalho, quanto mais permanecer lá por 8 horas. Esta aura de sacrifício acaba por se reflectir no comportamento dos seus colegas e superiores para consigo. Ao sentir-se desvalorizado e criticado, estará ainda mais vulnerável à falta de reconhecimento e ao esgotamento, o que fará com que se sinta ainda menos motivado no dia seguinte.
Irritabilidade e mau humor
Sente que tudo o irrita e encontra-se frequentemente de mau humor sem encontrar uma razão óbvia? As suas relações com amigos, familiares e até com a sua cara-metade sofrem com isto podendo tornar-se conflituosas. Cá estamos novamente a andar em círculos…
Exaustão
Está constantemente fatigado e sente que não recupera a energia mesmo quando repousa? Esta exaustão permanente fará com que se sinta sobrecarregado muito mais facilmente. E se estiver sobrecarregado com trabalho, é mais difícil descansar e realmente recuperar as forças. É mais um círculo vicioso!
Distúrbios do sono
Pode sofrer de insónia ou dificuldade em adormecer acabando por dormir menos do que o necessário, pode acordar a meio da noite ou acordar demasiado cedo e depois ter dificuldade em voltar a adormecer. O stress afecta a qualidade do sono e a falta de sono potencia o stress. Está a ver novamente o padrão? Sim, é como uma “pescadinha com o rabo na boca”! 🔁
Medo e ansiedade
Tem vindo a sentir-se ansioso e receoso. Sente ansiedade mesmo diante de situações que considerava banais no passado. Se preocupação constante e excessiva tende a permanecer mesmo depois de sairmos do local de trabalho e regressarmos a casa, sempre que pensamos em trabalho é como se fossemos imediatamente transportados para lá… As preocupações excessivas e o facto de não nos conseguirmos desligar-nos delas nem mesmo no lar, na companhia da família, aumentam os níveis de stress e ansiedade. Mais uma vez, entramos num círculo, aparentemente, sem saída.
Mau desempenho
Tem dificuldade em concentrar-se? Tem tendência para se esquecer de tarefas e recados importantes? Tem dificuldade em concluir os seus projectos dentro dos prazos estipulados? ⏰
O burnout afecta a nossa capacidade de gestão do stress e quanto mais stressados estivermos, mais complicado será para nós enfrentarmos novos factores de stress. Quem inventou o círculo vicioso era realmente maléfico, não é verdade? 😈
E tem solução?
Claro. E, como não podia deixar de ser, concluímos este artigo com alguns conselhos práticos para ajudar os nossos leitores a evitar e combater o problema. 😊
👉 Aprenda a gerir o stress. Hoje em dia não é difícil encontrar online algumas técnicas de relaxamento e gestão do stress. Debruce-se sobre o assunto até dominar algumas técnicas-chave. Actividade física regular e/ou exercícios de respiração também são muito úteis para ajudar a manter o equilíbrio emocional e até para controlar os sintomas, caso já sofra de algum grau de burnout. 🧘♀️
👉 Escute. Quem sofre de burnout poderá estar totalmente alheado do que se passa ao seu redor e consigo próprio, não tendo noção de que poderá ter um problema. Oiça as pessoas com quem trabalha e com quem se relaciona a nível pessoal e não rejeite estas opiniões, principalmente quando mais do que uma voz se levanta. 👂 👂
👉 Realize algumas mudanças no seu estilo de vida para prevenir ou abordar a síndrome, reduzindo o consumo de bebidas alcoólicas a fim de minimizar as crises de ansiedade e combater a depressão; não consuma drogas; evite a cafeína e os refrigerantes e adopte uma alimentação mais saudável. 🍆 🥕 🥬 🍎
O que comemos tem um enorme impacto nos nossos níveis de energia, mas também no nosso estado de espírito:
- evite alimentos processados, coma alimentos frescos incluindo legumes, fruta, cereais, ovos, proteínas e lacticínios magros;
- consuma alimentos ricos em vitamina C, como citrinos, kiwis e frutos vermelhos, porque ajudam a reduzir os níveis de cortisol, diminuindo o stress;
- o magnésio dos legumes verdes, frutos secos, sementes, vegetais e cereais integrais é essencial para a produção de energia e tem um efeito calmante.
👉 Não use a falta de tempo como desculpa para não desfrutar de momentos de descontracção e lazer.
👉 Avalie de que forma as suas condições de trabalho prejudicam a sua saúde física e mental, portanto, como interferem com a sua qualidade de vida em geral.
👉 Avalie também a possibilidade de propor soluções no seu local de trabalho, relacionadas com a forma como desempenha as suas actividades diárias e com os objectivos profissionais propostos: por exemplo, faça uma lista de tarefas por ordem de prioridade e determine as que terá de fazer e as que pode delegar.
Aprender a priorizar e a delegar é uma excelente estratégia para prevenir o esgotamento; para não se sentir frustrado e incapaz, estabeleça metas específicas e realistas; mantenha o seu perfeccionismo e orgulho profissional sob controlo.
👉 Não se compare com os outros, conheça as suas limitações e reconheça as suas capacidades.
👉 Aprenda a identificar e reconhecer os sinais para se proteger diante de situações stressantes. Além de escutar os outros, escute também o seu corpo a fim de reconhecer os sinais a tempo. Nunca tenha vergonha de pedir ajuda.
👉 Descanse. Se está em risco de burnout, o trabalho é uma ou a principal fonte dos seus problemas, fazer pausas frequentes e não trazer o trabalho consigo para casa irá ajudá-lo a obter uma perspectiva mais ampla. Não abdique de fins-de-semana e férias em família e entre amigos.
Imponha limites, não tenha receio de dizer não, abrande o ritmo quando se sentir cansado e recuse-se a fazer horas extraordinárias além do razoável.
👉 Faça pausas regulares ao longo do dia.
Não se deixe escravizar pelas tecnologias, desligue-se das redes sociais e e-mails, afaste-se do telefone e computador durante algum tempo todos os dias.
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