Já alguma vez se viu numa situação em que alguém lhe pede para fazer algo que não quer mesmo fazer, mas sente-se obrigado a aceitar mesmo assim?
Talvez seja um amigo que o convida para uma festa que sabe que vai ser aborrecida, ou um colega ou chefe que lhe pede para assumir um projecto extra para o qual não tem tempo, ou um membro da família que espera que o ajude com algo que é realmente incómodo para si…
Seja qual for o caso, acaba por dizer sim, apesar de preferir dizer não. E depois tortura-se a si próprio por sacrificar as suas coisas, o seu tempo, para tratar dos problemas dos outros. Ou porque é introvertido e está agora a enfrentar a ansiedade desnecessária de se sentir exposto para fazer um favor a outra pessoa.
Porque fazemos isto? Porque concordamos com coisas que não queremos fazer e depois nos arrependemos?
Há uma miríade de razões por trás estes comportamentos, mas aqui estão algumas das mais comuns:
- Não queremos ser insensíveis. Todos nós conhecemos alguém que é muito frio ou brusco e deixa os outros desconfortáveis, e você não quer ser essa pessoa. Pensamos que dizer não deixará as pessoas zangadas, tristes ou desiludidas… e não queremos mesmo lidar com isso. Queremos ser simpáticos, educados e atenciosos, e não queremos causar conflitos ou dramas.
- Não queremos perder nada. Por vezes, pensamos que dizer não nos vai fazer perder uma oportunidade, um contacto ou um benefício. Queremos ser vistos como abertos, flexíveis ou ousados, e não queremos limitar-nos a nós próprios ou às nossas opções.
- Não queremos parecer más pessoas. Pensamos que dizer não nos vai fazer parecer egoístas, preguiçosos ou incompetentes. Queremos ser vistos como prestáveis, produtivos, capazes e não queremos prejudicar a nossa reputação ou imagem.
Estas razões podem parecer válidas e razoáveis, mas na realidade baseiam-se em falsos pressupostos e receios.
A verdade é que dizer “não” não é um crime, e também não tem de ser uma coisa negativa ou prejudicial. De facto, dizer não pode ter muitos efeitos positivos e benéficos, tanto para nós como para os outros:
- Dizer não permite-nos ser honestos. Quando dizemos não, estamos a ser fiéis a nós próprios e aos nossos sentimentos. Não estamos a fingir ou a mentir, e não estamos a comprometer a nossa integridade ou os nossos valores. Estamos a expressar limites e a respeitar as nossas próprias necessidades.
- Dizer não dá-nos poder. Quando dizemos não, estamos a assumir o controlo das nossas vidas e das nossas escolhas. Não estamos a deixar que os outros nos ditem ou manipulem, e não estamos a abdicar do nosso poder e controlo. Estamos a afirmar os nossos direitos e responsabilidades, e estamos a defender-nos a nós próprios e aos nossos interesses.
- Dizer “não” significa dizer “sim” a outras coisas. Quando dizemos não, estamos a criar espaço e tempo para as coisas que queremos fazer. Não estamos a desperdiçar os nossos recursos ou a nossa energia em coisas de que não gostamos ou que não valorizamos, e não estamos a perder coisas que gostamos. Estamos a dar prioridade aos nossos objectivos e paixões, bem como a procurar a nossa felicidade.
Claro que dizer não nem sempre é fácil ou confortável. Pode ser desafiante e incómodo, especialmente se não estivermos habituados a fazê-lo ou se enfrentarmos resistência ou pressão por parte dos outros. Mas também não é impossível nem rude. É possível dizer não de uma forma educada e respeitosa, sem magoar ou ofender ninguém.
Eis algumas dicas para recusar com estilo:
- Seja claro e directo. Deixe-se de rodeios e não utilize uma linguagem vaga ou ambígua. Não diga “talvez” ou “vou pensar nisso” ou “depois digo algo” se quiser dizer não. Diga simplesmente “não” e explique porquê, se necessário. Por exemplo, “Não, obrigado, não estou interessado” ou “Não, agora não posso” ou “Não, agradeço o convite, mas tenho outros planos”.
- Seja firme e confiante. Quando as pessoas são insistentes, mantenha-se firme! Não peça desculpa nem se justifique excessivamente. Não diga “lamento”, “tenho muita pena” ou “quem me dera poder” se não for assim. Diga simplesmente que não e mantenha a sua posição. Não deixe que os outros o persuadam ou culpem para que mude de ideias. Por exemplo, “Não, não vou mudar de ideias” ou “Não, não tenho de dar explicações” ou “Não, não me sinto culpado por recusar”.
- Seja positivo e respeitoso. Tem medo de magoar os outros, mas não o fará! Não seja rude nem agressivo. Não diga “Nem pensar!” ou “Está a gozar comigo?” ou “Que ideia ridícula!” se não tiver de o fazer. Diga apenas não e mostre apreço e empatia. Não torne a questão pessoal nem ataque a outra pessoa. Por exemplo, “Não, mas ainda bem que me convidou” ou “Não, mas percebo porque me pediu e não tem problema” ou “Não, mas espero que se divirta sem mim”.
Portanto, dizer “não” é mesmo positivo. É uma questão de assertividade e auto-cuidado. E é também uma competência muito necessária que pode aprender e praticar! É um presente que podemos dar a nós próprios e aos outros. Pode ajudar-nos a sermos mais honestos, empoderados e mais felizes, e isso também se reflectirá na forma como tratamos as outras pessoas.
Pode ajudar-nos a sermos mais respeitadores, mais solidários e mais fiáveis.
O mundo precisa de mais pessoas com o coração no lugar certo e, adivinhe, ajudar os outros também o fará sentir-se melhor consigo próprio. Mas não facilite a vida aos outros se isso tornar a sua mais difícil.
Por isso, da próxima vez que alguém lhe pedir para fazer algo que não quer fazer, não tenha medo de dizer não. Pode ficar surpreendido com a sensação de bem-estar! 😊
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