Comecemos por definir “pós-edição”
A Pós-edição de tradução automática (Machine Translation Post Editing – MTPE) é um serviço que consiste na correcção e melhoria da qualidade por humanos de conteúdos traduzidos por software informático, a fim de assegurar que esses conteúdos cumprem um nível aceitável de qualidade.
A pós-edição NÃO é revisão — o texto editado pode ser posteriormente revisto para assegurar uma melhor qualidade, se for isso que o cliente necessita e tiver sido previamente acordado.
Neste tipo de serviço, o nível de qualidade pretendido pelo cliente pode variar:
- A pós-edição ligeira consiste em corrigir o conteúdo para o tornar aceitável e compreensível.
- A pós-edição completa foca-se também em tornar o conteúdo exacto e apropriado ao nível estilístico.
Recorre-se à pós-edição quando a tradução automática dos conteúdos não editada não é aceitável, mas por outro lado, devido às características do projecto, não é necessária uma tradução humana de qualidade.
Este tipo de serviço permite produzir duas vezes (no caso da edição completa) ou até mesmo quatro vezes (no caso da edição ligeira) mais rapidamente do que na tradução manual.
No entanto, a pós-edição não é uma novidade!
A pós-edição é uma forma de cooperação homem-máquina na tradução que existe desde que os sistemas operacionais de tradução automática foram inventados (leia mais aqui). É uma prática comum desde os anos 90, embora a sua utilização não fosse bem vista.
Porém, recentemente temos assistido a um maior interesse na pós-edição por parte da comunidade de profissionais de tradução em geral e dos clientes, em grande medida devido à crescente qualidade da tradução automática. E não podemos deixar de mencionar a disponibilidade de software fiável e gratuito, ao contrário do que acontecia no passado.
Como resultado, com os processos na indústria da tradução a mudar radicalmente, a prática “saiu do armário”.
Durante aproximadamente trinta anos, a profissão de pós-editor existiu sem normas nem directrizes estabelecidas e amplamente aceites.
Em 2017, foi finalmente publicada a norma ISO 18578 2017: Serviços de tradução – pós-edição da saída de tradução automática – Requisitos.
A pós-edição está intimamente relacionada com a tradução e a edição, mas nem todos os pós-editores são tradutores e nem todos os tradutores são pós-editores!
Há quem diga que uma pessoa bilingue que nunca tenha trabalhado em tradução será mais fácil de treinar para um trabalho de pós-edição. Isso é discutível, claro!
Muitos dos pós-editores actualmente são, na realidade, tradutores profissionais, que trabalham como funcionários internos ou freelancers.
Adicionalmente, muitos tradutores profissionais e agências de tradução ainda se recusam a oferecer serviços de pós-edição, principalmente porque são pagos a preços mais baixos do que as traduções normais.
Já vão surgindo clientes que pedem a tradutores profissionais para pós-editar em vez de traduzir de raiz! E não porque o seu projecto requeira apenas uma tradução compreensível, mas sim porque acreditam (erroneamente) que lhes ofereceremos a mesma qualidade a um custo muito inferior! Não é este o caso. Por várias razões.
Pós-edição e progresso tecnológico
No entanto, a pós-edição pode sim ser rentável para os profissionais linguísticos.
Com a ascensão da Inteligência Artificial e da Aprendizagem Mecânica, poderá mesmo vir tornar-se um serviço fundamental no futuro.
O público em geral assume que é mais fácil para os tradutores trabalhar num texto traduzido automaticamente, ao passo que os profissionais das línguas esperam uma tradução de má qualidade e uma revisão demasiado trabalhosa. Acreditam que o conteúdo traduzido automaticamente exige demasiado trabalho para compensar economicamente.
No passado, muitas vezes era mais fácil trabalhar directamente a partir do texto original e traduzir de raiz do que editar posteriormente o conteúdo gerado, normalmente de má qualidade.
Porém, os avanços na tradução automática — impulsionados principalmente pelo facto de o texto pós-editado poder ser alimentado aos motores de tradução para aprendizagem — permitem agora um resultado de maior qualidade, e isto tem vindo a aumentar a procura deste serviço.
Com efeito, se a tradução for produzida por um motor de tradução automática neural, a qualidade do conteúdo para pós-edição será espantosamente superior ao que era no passado, exigindo, portanto, um esforço substancialmente menor na pós-edição.
Além disso, a maioria das ferramentas de tradução assistida por computador suporta actualmente a pós-edição de conteúdos traduzidos por computador.
Em suma, com o progresso tecnológico, a pós-edição completa tem vindo a tornar-se uma alternativa válida e relevante à tradução manual.
Por que motivo é a pós-edição tão importante se os motores de MT estão a ficar tão bons?
A tradução automática jamais será comparável à tradução por um profissional humano competente.
Uma máquina, por mais nuances que seja capaz de aprender e memorizar e aplicar, nunca terá a sensibilidade e o discernimento de um ser humano. E estes são factores fundamentais para uma tradução que não deturpa de forma alguma a mensagem original.
Um bom pós-editor irá melhorar drasticamente a qualidade do seu conteúdo traduzido automaticamente, assegurando uma exactidão e correcção que nenhuma máquina pode igualar — pelo menos, por enquanto!
É sabido que uma das principais razões para um cliente recorrer à tradução automática (MT) é poupar tempo e dinheiro, certo?
Na realidade, a ideia de poupar tempo e dinheiro utilizando a MT costuma ser mal interpretada.
A qualidade de um toque humano é o que vai permitir aos empresários racionalizar os seus projectos globais. Por exemplo, pode até ajudá-los a aprender sobre erros comuns da MT para poderem evitá-los em projectos futuros.
E qual é o preço da pós-edição de tradução automática?
Por vezes, a pós-edição de tradução automática (MTPE) pode ainda ser uma tarefa complexa e demorada. Isto nem sempre é previsível.
O preço deve depender do tipo de texto e do domínio do conteúdo, da qualidade do conteúdo traduzido automaticamente que deverá editar, etc.
Assim sendo, o bom senso dir-nos-ia que o preço deverá ser baseado no esforço efectivo que o pós-editor dedica ao processo.
Alguns fornecedores de serviços linguísticos (Language Service Providers ou LSP) cobram um valor por hora, calculando um determinado número de horas por meio da divisão do volume do projecto pela produção média dos tradutores. Naturalmente, a produtividade e as estimativas de volume dependerão também de factores heterogéneos e imprevisíveis que enviesam os cálculos, tais como diferentes graus de competência de pós-edição e tipos de erros (menores a graves), e quantidade.
Na verdade, não é aconselhável cobrar com base no tempo ou no número de edições. Poderia mesmo originar um conflito de interesses. Um pós-editor de honestidade duvidosa poderia corrigir mais do que o necessário, fazendo um grande número de edições apenas para cobrar mais.
Estudos recentes indicam que a alternativa mais comum à tarifa horária é uma tarifa por palavra.
Se o cliente necessitar apenas de uma ligeira pós-edição, e se espera que o profissional apenas reveja o conteúdo alvo para o tornar aceitável, então, os clientes devem esperar cerca de 35-40 por cento de desconto face à tarifa normal de tradução de palavras.
Por outro lado, se o cliente solicitar uma revisão completa do texto original que não deixe vestígios de tradução automática, a edição completa poderá requerer mais esforço do que seria necessário para traduzir de raiz.
Assim, podemos dizer que um esforço de pós-edição total seria de 60-85 por cento, pelo que o desconto deverá ser feito em conformidade, mesmo que o esforço pós-edição seja difícil de prever.
Bem vistas as coisas, a resposta à pergunta inicial é sim! Trata-se de uma competência relevante.
E esta é uma habilidade complementar que vale a pena obter se não se quisermos perder o comboio do progresso.
Se tiver uma tradução que, pelas suas características, considere ideal para o trabalho de pós-edição, não deixe de contactar a Verbarium para mais informações!
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