No artigo anterior, descrevemos como funciona um cérebro com PHDA e como se sente uma pessoa com esta condição mediante exemplos práticos.
Neste artigo, vamos tentar compreender a PHDA com base em duas perspectivas radicalmente opostas, mas que se tocam em muito mais pontos do que as pessoas pensam, a ciência e a espiritualidade.
Compreender a PHDA
A Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção não é uma doença ou uma deficiência, é uma condição de neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades persistentes na atenção, no controlo dos impulsos e pela hiperactividade.
Numa perspectiva biológica, a PHDA afecta várias regiões do cérebro, conduzindo a diferenças na estrutura, função e química.
Vamos explorar estes domínios:
- Córtex frontal: responsável pela regulação do comportamento, das emoções e da atenção, é diferente nos cérebros com PHDA.
- Regiões límbicas: o sistema límbico influencia as emoções e a motivação. As alterações nesta região originam hiperactividade, desatenção e dificuldades na tomada de decisões.
- Gânglios basais: esta região desempenha um papel na aprendizagem motora, na regulação do comportamento e na execução de múltiplas tarefas, todas elas afectadas pela PHDA.
- Rede de Modo Padrão (DMN): Na PHDA, a DMN activa-se com mais frequência, causando distracções e dificuldade em manter-se concentrado nas tarefas.
O facto de muitas pessoas utilizarem hoje em dia o seu próprio conceito falso de “hiperactividade” como desculpa para o seu mau comportamento e para a falta de educação dos seus filhos contribui fortemente para a descrença do público em geral em relação à PHDA.
A PHDA não está “na nossa imaginação”, está no nosso cérebro. O cérebro de uma pessoa com PHDA não funciona da mesma forma.
A ciência descobriu diferenças na estrutura, função e química do cérebro.
Por exemplo, os especialistas descobriram que esta doença está relacionada com os neurotransmissores, que desempenham um papel noutras doenças como a doença de Alzheimer e a depressão.
Numa outra abordagem não biológica e mais espiritual, diz-se que as pessoas com PHDA são as chamadas crianças índigo.
Existe um livro muito conhecido sobre este assunto, onde os investigadores Tober e Carroll associaram o conceito de crianças índigo ao diagnóstico de PHDA.
Em teoria, são “almas antigas”, que vieram ajudar a salvar o mundo, fazendo evoluir os seres humanos.
A versão não-espiritual das pessoas índigo (novamente, não podemos esquecer que as crianças se transformam em adultos) é apenas o facto de serem almas dotadas, empáticas, com muita criatividade, inteligência e um sentido de propósito, e de estarem mais ligadas ao mundo do que centradas em si próprias.
Os 13 pontos abaixo são características com as quais a maioria das pessoas com PHDA se pode identificar.
E você? Reconhece-se em alguma delas?
- Hipersensibilidade a alguns sítios e a algumas pessoas.
- Necessidade de justiça e coerência na vida, a todos os níveis.
- Independência: precisam de se sentir livres, aceitam orientações, mas não suportam ser microgeridos ou controlados.
- Criativos, dotados para a música, a escrita ou a pintura, porque a arte permite que os outros vejam o mundo através dos seus olhos.
- Defendem frequentemente os fracos e os impotentes de forma apaixonada.
- Pouco à vontade em ambientes hierárquicos, precisam de uma hierarquia positiva e respeitosa.
- De cabeça erguida, conhecem a sua auto-estima e nunca recuam quando alguém vai contra a sua integridade ou os acusa de algo que não fizeram.
- Dificuldade em manter uma vida social estável: por vezes amigáveis e extrovertidos, de repente eremitas por algum tempo.
- Baixa resistência à frustração: associada à sua visão global e à sua inquietação, frustram-se facilmente com as outras pessoas. A paciência é algo em que têm de trabalhar.
- Dedicam-se a 100% a um trabalho que lhes convém. Incapazes de permanecer num trabalho que não amam.
- Com um forte sentido de empatia, lêem facilmente as pessoas.
- Interesse pela intuição e/ou capacidades extra-sensoriais.
- Tendência para colocar questões existenciais e/ou procurar soluções espirituais.
Se os sintomas da PHDA são de origem neuroquímica ou espiritual, não importa — quer sejamos pessoas da ciência ou do esoterismo, o que importa é que se trata de uma condição real e, ao negá-la, negamos as próprias pessoas que vivem com ela.
Tentamos arduamente enquadrar-nos e adaptar-nos a um mundo que, na sua maioria, funciona de forma diferente.
No próximo artigo desta série, vamos centrar-nos mais nos pontos fortes de quem tem PHDA, na forma como podem ser aproveitados no local de trabalho e nas estratégias práticas para viver e trabalhar com impulsividade, fraca memória de curto prazo, défice de atenção e a paradoxal inquietação de ter de se manter em constante actividade para se manter calmo.
Enquanto aguarda a parte final do nosso artigo, onde abordaremos estratégias para transformar a PHDA num conjunto de “super poderes”, visite o nosso website para conhecer os nossos serviços profissionais de tradução e transcriação, os nossos serviços profissionais de revisão e os nossos serviços profissionais de copywriting:
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