O processo criativo — como estimular a criatividade? (Parte II)

Parte II

A criatividade nasce connosco ou exercita-se?

Ao contrário do que pensamos e nos habituaram a pensar, a criatividade não está exclusivamente reservada aos artistas, nem sequer aos mais criativos.

Durante muito tempo, pensou-se que o processo criativo era condicionado por agentes externos (como as musas que referimos na primeira parte deste artigo) que inspiravam os criadores.

Actualmente, embora a ciência ainda não saiba exactamente como se processa, sabemos que o processo criativo é resultante da actividade cerebral.

E todos temos um cérebro, não é verdade? Pelo menos convém! 😆

Sim, há pessoas que parecem ter nascido com uma estrelinha diferente a iluminar-lhes as ideias… Haverá sempre pessoas mais criativas, aquelas que têm ideias “fora da caixa”, que parecem encontrar sempre soluções para todos os problemas e estão permanentemente a inventar alguma novidade inusitada. 🌟

Na verdade, o processo criativo é algo muito complexo e não é igual em todos nós porque depende da forma como se processa a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais, o lado direito e o lado esquerdo do cérebro. E envolve também aspectos que nem todos possuímos na mesma medida, como a inteligência e a memória.

Uma pessoa com uma mente criativa terá uma maior capacidade de pegar nas ferramentas que possui, encontrar recursos externos e explorá-los até encontrar soluções.

No entanto, o cérebro é um órgão com uma enorme plasticidade, ou seja, é capaz de assimilar e aprender constantemente! 🧠

Sugestões práticas para trabalhar os “músculos da criatividade”

O sociólogo e psicólogo Graham Wallas, conhecido pela obra ainda hoje citada no mundo do copywriting, “The Art of Thought”, determinou que existem quatro etapas que se sucedem para trazer à luz uma ideia:

  1. Preparação: quando nos preparamos, debruçando-nos sobre o tema no qual vamos trabalhar. Podemos procurar referências ao ler, pesquisar, conversar com pessoas, etc.
  2. Incubação: o tempo durante o qual formamos a ideia na nossa mente. Geralmente, isto é imperceptível ao nível consciente.
  3. Iluminação: é quando a ideia chega à mente consciente. Está a ver aquela lâmpada acesa que normalmente representa uma ideia nos livros de BD e nos desenhos animados? É isso mesmo!
  4. Verificação: esta é a fase em que vamos comprovar se a ideia é pertinente e se satisfaz os requisitos.

Leia, veja, fale e oiça coisas novas

Para começar, leia! E leia muito — quanto mais ler, mais exercitará a sua mente e a sua criatividade. Veja um artigo do nosso blogue muito interessante sobre o tema da leitura e da necessidade de sairmos da nossa “bolha” aqui!

Não se pode cingir às suas preferências. Veja géneros cinematográficos diferentes do habitual, oiça outros estilos musicais, aprenda novas habilidades, experimente hobbies que nunca antes pensou experimentar, converse com todo o tipo de pessoas, não somente com os seus amigos e familiares, e fale sobre todo o tipo de assuntos, prestando atenção à diversidade de ideias e opiniões das outras pessoas.

Estar aberto a outros pontos de vista melhora a sua cultura geral, mas também reforça a sua empatia, proporcionando uma visão mais ampla e tridimensional da vida.

Recorde-se de que pretende exercitar o cérebro para estimular a criatividade, e isso depende muito de beber de novas fontes!

Com efeito, ao alimentá-lo com novidade e variedade, estará a exercitar o seu cérebro e a torná-lo cada vez mais capaz de criar novas associações. Precisamos de consumir ideias para produzir ideias.

Ponha essas sinapses a mexer!

Repouse e medite, não force

Vivemos numa sociedade que tem uma opinião negativa sobre o ócio e o lazer.

Platão disse que os filósofos desfrutam do tempo livre e preparam os seus discursos em paz nos momentos de ócio, preocupam-se apenas com alcançar a verdade.

Portanto, na antiguidade, ócio significava poder dedicar-se a pensar nas questões importantes da vida em busca de respostas.

Na nossa sociedade, os valores do esforço, do trabalho, e a expectativa do sucesso, sobrepuseram-se ao valor inestimável do lazer.

Se quer estimular a criatividade, terá de dar tempo à sua mente para não pensar em nada, por isso, fuja da rotina e dê mais valor aos seus momentos de descanso.

Durma bem, medite, dê passeios na natureza, desfrute de um café ou um chá enquanto olha pela janela descontraidamente…

Ou deite-se sobre a cama a olhar para o tecto, simplesmente a existir!

 

O processamento de informações levado a cabo pelo cérebro também requer pausas — crie momentos para que possa respirar!
.
Sabe quando o seu computador bloqueia e utiliza aquele truque clássico de desligar e volta a ligar e, como por magia, está tudo bem novamente?
.
É isso, permita que o seu cérebro faça “reset”!

Pesquise muito e tire notas

Procure várias referências, pesquise em diferentes fontes, online e offline.

Ainda existem bibliotecas físicas que encerram um manancial de informação.

Terá de sair de casa? Óptimo! E se possível vá a pé.

Ao entrar, sinta o cheiro dos livros, escute o silêncio, percorra as estantes repletas de lombadas coloridas — cada capa encerra um mundo misterioso que ainda não conhece. Escolha um livro e desfrute do toque da pele nas páginas… Folheie, inspire, expire…

Nenhum ecrã lhe poderá proporcionar estes momentos.

Efectivamente, o cérebro compreende e retém melhor a informação quando lemos em papel do que em formato digital. Este último está intimamente associado a interacções breves e a recompensas imediatas, além do excesso de conteúdos que dificulta a concentração.

Obviamente, a pesquisa online tem as suas vantagens. Por exemplo, conseguimos encontrar, filtrar e armazenar uma quantidade enorme de informação em muito pouco tempo. E para refinar a pesquisa, podemos também procurar conteúdos em outras línguas, o mais certo é encontrarmos informações novas, diferentes ou complementares.

Anote num caderno de papel tudo o que considere interessante. Como um diário, mas para coleccionar ideias. Registe qualquer coisa que lhe soe bem, que suscite emoções, que pareça original, etc. Mesmo que sejam ideias desconexas ou descontextualizadas, excertos, citações — anote o que vai encontrando nas suas pesquisas e no seu dia-a-dia.

Alternativamente, se não lhe agrada mesmo escrever com caneta e papel, poderá criar o chamado “Swipe file” em formato digital.

Um Swipe file é uma ferramenta comum utilizada por copywriters e escritores de conteúdos, entre outros profissionais criativos. Consiste na recolha de frases, ideias, slogans, fórmulas já testadas e comprovadas, excertos interessantes, etc.

No caso de trabalhar em transcriação poderá, por exemplo, coleccionar no seu Swipe file os chamados “untranslatables”, ou palavras que não têm tradução, e anotar as alternativas eficazes que vai encontrando para cada uma.

Estas ferramentas servirão para referência futura.

Quaisquer que sejam as suas notas, não importa em que formato, poderá revê-las nos momentos de bloqueio criativo, quando sente que as ideias lhe fogem, e verá como relê-las será inspirador!

Foque-se nas pessoas e nas emoções

Converse com as pessoas. Não apenas online, mas fisicamente. Para podermos captar as emoções, temos de ter acesso à linguagem corporal e às expressões faciais, ao tom de voz, observar tiques e maneirismos, etc.

Não há domínio das técnicas da escrita que produzam uma “copy” eficaz sem emoções. As emoções fazem com que o seu alvo se identifique com aquilo que escreveu e queira ler mais, ou queira agir com base naquilo que leu.

Perceba do que gostam e não gostam os vários públicos em geral.

Crie um “perfil” sobre o grupo, ou grupos, de pessoas que irão ler os seus textos e, com base no perfil traçado, procure o melhor tom de voz para chamar a atenção desse público em particular.

Os mais novos, os adolescentes, os idosos, os quarentões, as mulheres e os homens, os que estão no activo e os pensionistas, os Millennials, a Geração X, os hipsters, os rockers, os surfistas, os fãs de fitness e/ou wellness, as donas de casa, os empreendedores, etc.

Perceba o que ouvem, o que vêem, como pensam e como falam, o que opinam e o que calam.

Informe-se sobre o que se passa ao nível das comunidades e no mundo em geral. Mantenha-se sempre bem informado e actualizado.

Se vai escrever conteúdos para um determinado público, não há nada melhor do que conhecer e identificar-se com essas pessoas. Esta é a fórmula mágica para que também elas se identifiquem com aquilo que escreve

Outro factor muito importante, no qual muitos redactores falham — não escreva para exibir as suas capacidades gramaticais e estilísticas com palavras “caras” e um estilo erudito. Não está a ser avaliado pela sua capacidade linguística nem está a escrever apenas para si próprio.

Portanto, escreva de dentro para fora e sempre de uma forma simples e acessível, pois se as pessoas em geral não compreenderem totalmente a sua mensagem, já terá falhado em suscitar emoções e na identificação.

Continue a seguir-nos e encontre mais sugestões práticas na terceira e última parte “No copywriting, a criatividade é suficiente?”, aqui!

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Aqui, exploramos temas que nos são queridos e relevantes. Sérios, mas com um toque de humor e apimentados pela nossa paixão pela escrita! Conheça-nos “nos bastidores” e partilhe a sua opinião através dos comentários!

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