Nunca ninguém venceu uma guerra de pijama, não é verdade? Tomar um banho e vestir pelo menos uns simples jeans e sweater pode fazer a diferença.
E porque não passar um pouquinho de lápis ou rímel? Ou passar aquela eau de toilette tão cheirosa, no caso dos homens. Não é porque vamos trabalhar em casa que temos de ver passar a vida em pijama e chinelos.
E que outras dicas poderia dar-vos para trabalhar em casa de forma mentalmente saudável e com o máximo rendimento?
Neste artigo, encontra os seguintes pontos
Encontre um local sossegado
Se a sua casa assim o permitir, designe um local de trabalho sossegado e converse com os seus familiares sobre a forma como espera que respeitem esse espaço.
Personalize o seu ambiente de trabalho para que seja um espaço agradável onde dá gosto trabalhar. Se trabalha melhor em total silêncio, providencie para que assim seja, escolhendo uma divisão afastada da estrada, onde possa usufruir da tranquilidade que deseja.
Se, como eu, trabalha melhor ao som de música, junto a uma janela aberta com vista para a natureza, escolha uma divisão apropriada e coloque um vinil no gira-discos — mas mantenha o volume baixo e explique à sua família que não pretende ser incomodada(o).
No meu caso, tenho um pequeno “Home Office” integrado na sala de estar. Se for esse o seu caso, decore o seu cantinho com gosto, de acordo com a sua personalidade, e torne-o o mais confortável possível — por exemplo, aposte numa cadeira ergonómica e equipe a sua secretária com uma boa luz de trabalho articulada.
Não tem necessariamente de descurar os elementos decorativos e poderá integrar o seu cantinho de trabalho na decoração da sala onde se insere. Disponha prateleiras ou outros espaços de armazenamento o mais próximo possível da secretária para que possa usar material de escritório — ou um dicionário em papel, por exemplo — sem ter de se deslocar.
Reduza as distracções
Aqui não me refiro à música de quem gosta de trabalhar (ou viver) com banda sonora. Trabalhar em casa significa que terá de enfrentar potenciais distracções ao longo do dia, que poderão fazer descarrilar a sua concentração.
Nem sempre essas distracções são externas, como um filhote a correr pela casa ou a vizinha do lado a tocar à campainha para pedir um ovo emprestado. Por vezes, os factores que nos fazem dispersar estão muito mais perto de nós.
Quem trabalha em casa, vive rodeado de tentações online. Mesmo que não seja dependente das redes sociais e as consulte apenas quando se sente entediado ou para responder a um amigo, ainda assim poderá dar consigo neste ardil se o trabalho que está a executar for especialmente entediante.
Nem que seja por desperdiçar uma hora no YouTube a ver aqueles vídeos cómicos de gatinhos para fugir a um relatório de contas anual “chato como a potassa”. Controle o tempo que se permite passar online sem ser para fins de pesquisa, para que o ambiente digital lhe apresente o mínimo de ratoeiras.
Seja capaz de ignorar a lida doméstica
Não há qualquer problema em colocar a loiça na máquina depois do pequeno-almoço ainda antes de começar o dia de trabalho, mas não se deixe “perder” nas lidas da casa.
Quantas vezes pretendíamos gastar 5 minutos com uma pequena tarefa antes de começar a trabalhar e acabamos por perder 1 hora sem dar conta? Aprendi há muitos anos que é útil criar um horário para a limpeza e outras tarefas, e cumpri-lo à risca.
Organize-se. Por exemplo, faça uma lista de tarefas e não adie nenhuma. Habitue-se a ir lavando a loiça que sujou ao cozinhar enquanto os tachos estão ao lume, e a tratar dos pratos logo assim que termina a refeição.
Se não acumular, não terá de fingir que não viu a desarrumação quando o dever chama. Se tiver a “mania das limpezas” como eu, sofrerá a dobrar por ter de procrastinar.
Organize suas refeições
Tente planear as refeições com alguma antecedência e tenha sempre em casa alimentos que permitam confeccionar refeições rápidas em caso de imprevistos.
Se acordar meia hora mais cedo de manhã, poderá deixar uma merenda preparada para a pausa da tarde e aproveitá-la para ver um episódio da sua série preferida na Netflix ou dar um curto passeio no parque.
Ou ainda, porque não começar mais cedo de manhã para antecipar um pouco o “fecho da loja” ao final do dia e partilhar um episódio daquela série fantástica com a sua cara-metade antes do jantar?
Faça pequenas pausas
Não se esqueça de fazer pausas, mas sem exagerar. Uma das armadilhas para quem trabalha em casa é trabalhar muitas horas seguidas sem intervalos e, tantas vezes, trazer o prato do almoço para a secretária e comê-lo quase em cima do teclado sem tirar os olhos do ecrã.
E nem vou referir o quanto as migalhas podem afectar a durabilidade de um teclado! O oposto é igualmente perigoso. Há quem caia na tentação de fazer demasiadas pausas (ou muito longas), sendo depois forçada(o) a trabalhar pela noite dentro.
A menos que surja um imprevisto incontrolável, fuja das pausas não planeadas como o demo da cruz! Obrigue-se a sair da secretária para fazer as suas refeições e faça uma pausa para um café ou para meditar durante a tarde.
Verá que regressará ao trabalho com uma atitude muito mais produtiva e compensará amplamente o tempo que lhe “roubou”.
Não se esqueça da actividade física
Se frequenta um ginásio, inclua na sua “To Do List” pelo menos 2 treinos semanais e aproveite o sábado para um terceiro. Merece essa pequena indulgência e poderá sempre compensar organizando o seu horário em conformidade.
Se é como eu e a sua ideia de exercício físico for passear os patudos no jardim ou praticar Step na “Board” da Wii, não se esqueça de incluir essas actividades na sua lista e organizar o restante em conformidade.
Tire férias
Durante muitos anos tive dificuldade em tirar férias… Inicialmente porque, enquanto era freelancer, tirar uns dias implicaria um verdadeiro rombo no orçamento. Mais tarde, embora já tendo uma situação mais estável, não sabia o que fazer com tanto tempo livre em mãos.
Só quando comecei a trabalhar na empresa e a gerência me impôs tirar os dias de férias a que tenho direito, percebi que consigo passar imenso tempo de qualidade com os meus entes queridos e até estar sozinha comigo mesma e organizar as ideias.
Percebi que regressamos ao trabalho com uma grande satisfação e muito mais energia! É essencial. Não caia na armadilha de tirar apenas algumas folgas espaçadas no tempo só porque “não vai sair de casa”.
Tente gerir as expectativas que tem de si mesma(o)
Se exigir ou esperar demasiado de si, a única coisa que ganhará será um valente sentimento de inferioridade ou um atestado de incapacidade, carimbado e tudo. Ninguém é perfeito.
Exigir demasiado de si mesma(o) é a receita para acabar por “meter os pés pelas mãos” e falhar. Pondere ainda sobre as expectativas que a sua equipa poderá ter sobre si.
Quando estamos em casa, pode haver uma tendência para pensarmos que devemos conseguir encaixar sempre mais qualquer coisa. Nunca deixe de se exprimir quando sentir que uma tarefa poderá ser demasiado volumosa ou complicada para si.
Se o volume de trabalho for muito, acabará por estar a trabalhar bastante abaixo das suas capacidades — mais cedo ou mais tarde.
Em caso de necessidade, talvez seja mais produtivo planear algum volume de trabalho para o serão, ou até para o fim-de-semana, do que passar demasiadas horas ao computador a trabalhar de uma forma diminuída.
Dê atenção à família
Se os seus filhos ou a sua cara-metade revelam alguma frustração relativamente ao tempo que passa ao computador, não se esqueça de dedicar-lhes tempo adicional quando está livre.
Procure realizar mais actividades com os filhos ou o cônjuge ao fim-de-semana. Por vezes, uma simples sessão de cinema no sofá com direito a pipocas caseiras — deixando os telemóveis de todos trancados no quarto — faz milagres!
Medite sobre o significado do trabalho
Estudos indicam que, além dos perigos do ambiente digital, a falta de sentimentos positivos acerca de uma tarefa contribui largamente para a procrastinação.
Quando trabalhamos em casa estamos expostos a imensas coisas que nos são pessoalmente queridas ou importantes. Em comparação, mesmo que inconscientemente, o nosso trabalho pode apresentar-se como menos importante.
Isto pode acontecer principalmente com as mulheres, e especialmente quando são mães, já que podem estar formatadas com um “sentido de dever” relativamente ao lar e aos filhos.
Este contraste contribui para a falta de concentração e conduz a uma redução da produtividade e concentração, especialmente perigosa porque nem sequer costuma ser consciente!
Mantenha-se ciente da importância do seu trabalho para a sua família, para o lar, e para si própria(o) enquanto ser humano.
Posto isto, e de acordo com a minha própria linha de raciocínio, nem todos os lares são assim tão organizados — ou organizáveis — e a perfeição não é, de todo, o objectivo deste artigo (consulte o parágrafo sobre a gestão de expectativas acima).
A ideia por trás destas sugestões é fazer com que trabalhar sem sair de casa, não obstante as dificuldades que apresenta, funcione a seu favor.
Já dizia Leo Tolstoi: If you look for perfection, you’ll never be content.
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